segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Injustiça e Julgamentos


Vejo a noite chegar e imersos na escuridão sentimentos fantasmagóricos estão a me esperar.
Já sinto os devaneios correndo uma maratona em minha busca, sei que me encontrarão após a meia-noite mesmo que eu me esconda atrás de uma fortaleza robusta.
Clamo às forças supremas para que me protejam da solidão mental, desejo imunidade diante dessa nostalgia fatal.
Indago os sentimentos torturantes em busca de uma solução, mas tornei-me uma fanática sentimental em constante devoção.
Espero minha face arder com as gotas salgadas que escorrem sadistas, que zombam minhas lembranças por não controlarem  sua sede masoquista.
Dentro dessa penitenciária cheia de pensamentos assassinos e desconhecedores da paz, tenho apenas o sonho como advogado que acusa a razão por abandono de incapaz.
                                                                                                                              - Betina Pilch.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A Viajante


Pegava a caneta e deslizava aliterações sem sentido em busca de explicações.
Cantava melodias mentalmente tentando espantar suas contradições.
Estranhamente fazia das palavras as peças de um quebra-cabeça infinito, ia formando textos buscando completar a incompletude de seu manso espírito.
Dançava a dança da vida como um pequenino que brinca de ciranda, pois dentro daquela carcaça envelhecida ainda habitava uma ingênua criança.
Não desistia de seus sonhos mesmo quando todos a zombavam por isso, e assim seu caderno era o único ouvinte de todos seus sentimentos submissos.
 Vulcões lagrimais desconheciam a erupção, e os furacões de sorrisos sopravam devastando toda desilusão.
Buscava a felicidade constante em cada fantasia transcrita em seus rabiscos palpitantes, ela era uma aventureira aberta a aventuras literalmente emocionantes.
                                                                                                                    - Betina Pilch. 

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Diamante Precioso


De súbito despertei da cama e desnorteada pus-me a pensar das fenestras:
"Vós que sois o mais querido dos sentimentos pelos mortais, porque me seduz impiedosamente rumo ao delírio e diante do precipício me esperais?
Mentiroso és tu amor! Que me enganas, me enlouquece e me faz presidiária de teus encantos. Que me ilude e faz-me acreditar que caminho rumo ao paraíso, mas coloca um inferno cheio de dores me esperando. Imprevisível és tu amor! Que surge lindamente e desperta em mim a euforia, mas pouco a pouco me apresenta a decepção e ela sem cautela me arranca a máscara da alegria."
Fitava inquieta aquela noite escura sem estrelas no céu, provida de uma lua tão linda, mas encoberta por um véu. Meu interior continuava confabulando, mas minha visão deslocada se prostrava aos céus e não hesitava em ficar admirando.
O brado indignado de minha razão frustrada elevava o tom de voz e me obrigava a escutá-la. Novamente fui tomada por um sentimento de mágoa profunda e sem vida, lembrava-me daquele amor chegando perto da despedida.
Sentia-me impotente diante de minha submissão àquele tenebroso vício: deixava-me cativar e sem perceber meus pés já ponteavam o tal precipício.
Inconsciência maldosa me jogava lá de cima, e risonhamente o tal sentimento querido aparecia. Durante a queda a adrenalina tomava minhas artérias, e meus olhos fechados imaginavam uma felicidade sem qualquer miséria. Eu tomava a forte anestesia de sentimentos utópicos para me poupar, mas ao cair em terra firme a ilusão desaparecia e a dor sadista vinha me abraçar.
Volto, meus olhos piscam e se elevam aos céus, a lua se escondia e já não existia mais o tal véu. A escuridão deu lugar à iluminação, e toda decepção confabulada deu lugar a linda paixão.
Os brados de repente se calaram, o silêncio cantava em meus ouvidos e os passarinhos me olhavam. Não existia mais razão para todas as vivências sofridas pelo coração.
Os sentimentos de angustia e tortura sofreram transformação, os questionamentos me mostraram sua impotência diante de tal situação.  
Incrédula, pasma diante do contraditório, sentia minha boca se abrir e soltar confusos palavrórios: "Estranha sensação de que está tudo mudado, talvez seja o sentimento bruto que está sendo lapidado." 
                                                                                                                   - Betina Pilch.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Princesa Fútil


E lá estava ela, apreciando os sabores da vida, experimentando tudo que seu presente instante lhe oferecia. 
Vivia em seu presente congelado sem se deixar levar pelas ilusões do futuro ou as lembranças do passado.
Enquanto muitas viviam com a cabeça nas nuvens e alimentavam-se do abstrato, lá estava ela com os pés em terra firme mais precisamente em cima de seu salto alto.
Enquanto muitas sonhavam com o tal príncipe encantado chegando de carruagem, ela sonhava com a Channel e um Porsche na garagem.
Porque as que se julgavam intelectuais viviam em seu mundinho de sonhos sem poder torná-lo reais. Olhavam pra garota realista com um olhar pessimista, mas sabiam que era ela a vitoriosa na hora da conquista.
E mesmo com os pés obedecendo a gravidade, ela não deixava de ser meiga e cheia de qualidades. 
Ela era linda, era divertida, e cheia de sensualidade. Ela era a princesa fútil concretizada na realidade.
- Betina Pilch.

domingo, 11 de novembro de 2012

Ciclo vicioso


E de tanto sonhar, me frustrei
e de tanto me frustrar, eu chorei
e de tanto chorar, eu me calei
e por me calar, eu perdi
e por perder, eu sofri
e de tanto sofrer, eu desisti
e por desistir, me revoltei
e por me revoltar, eu insisti
e de tanto insistir, eu amei
e de tanto eu amar, me torturei
e depois de tanta tortura, me cansei
e por me cansar, parei de lutar
e depois da derrota, parei de amar
e por parar de amar, fria me tornei
e por ser fria, me desencantei
e de tão desencantada, parei de acreditar
e por desacreditar, conheci a agonia
e da agonia, nasceu uma melodia
e da melodia, renasceu a esperança
e da esperança, ouvi meu coração de criança
e esse coração de criança começou a gritar
e esse grito me fez despertar
e ao despertar, dentro de um ciclo vicioso me encontrei
voltei ao recomeço, e em meio aos sonhos me deitei.
                                                                                                    - Betina Pilch.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Ah! O amor...


Ah! O amor
Amor platônico, aristotélico, ou socrático
O ilusório, o realista ou o prático
O que enche a alma e esvazia a mente
O amor que a gente imagina e o que a gente sente
O amor maldito e o amor bonito
O que leva ao inferno e o que traz o infinito
O que acelera o coração e gera a euforia
O que dilacera a vida e gera a agonia
Ah! O amor
Com todos os seus sentidos contraditórios
Que gera a emoção e faz  jorrar os palavrórios
Que é a cura e a enfermidade
É o veneno e o antídoto
É o mórbido e a vivacidade
É a ignorância e o senso crítico
Ah! O amor
Um sentimento imprescindível
Gerador de atitudes indagáveis
O sinônimo do impossível
A fonte de lembranças inapagáveis
O sentimento que a gente respira, alimenta-se e padece
O amor que mata. Um sentimento que nunca se esquece.
                                                                                                              - Betina Pilch. 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

"She will be loved"


E lá estava ela, escondida em seus aposentos, perdida na solidão e imersa em pensamentos.
Se alimentava do vazio sem pretensões futuras, vivia sua vida sem nenhuma aventura.
Sua alma esfacelada colidiu com a conformidade, nem ao menos se importava com a falta de vivacidade.
Ela via ao seu redor pessoas com coração colmado, sabia que era diferente por ter um interior petrificado.
Apegou-se a vastidão de seu mundo imutável, não sabia se teria um futuro estável.
Por trás dessa armadura cheia de conflitos havia uma garota simples e compreensível.
Nem ela conhecia, havia descoberto, mas dentro do vazio havia um paraíso secreto.
Com um coração batendo sedento de amor, esperando conhecer a tal rima com dor.
Com uma mente opulenta transbordando euforia, desejando tirar a máscara da tristeza e vestir-se de alegria.
A garota sem perspectivas de felicidade tinha uma visão reta da realidade.
Mas ao explorar as curvas dessa imprevisível vida, dentro dessa complexidade interior uma simples menina ela encontraria.
                                                                                                              - Betina Pilch.

domingo, 4 de novembro de 2012

Desabafo Mental


Essa inconstância de sentimentos incompreensíveis me faz refém da incoerência racional.
Racionalizo sentimentos, logo a depressão me esmurra e viro vítima fatal.
Desejo o impossível e aposto no improvável, mas se a correspondência chega a classifico reprovável.
Gosto do que me transmite insegurança e me mantém presa à dúvida constante. A competição me atrai até o momento em que coloco o troféu em minha delicada estante. 
Minha mente revirada se rendeu em total falência, guiada por sentimentos utópicos sou uma romântica seduzida pela desobediência.
Vou contra o óbvio e rumo a felicidade irracional, sou essa eterna masoquista sentimental.
                                                                                                                 - Betina Pilch.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Pesadelo dos mortais


Diante de meus olhos vi a colisão entre a imensidão celeste e a mera terra dos mortais.
Senti minha alma sangrar e minhas lágrimas gritarem, mas fui consolada por seres virginais.
Os fantasmas do passado insistiam em me assombrar, eu o desejava ao meu lado, mas ele havia partido pra outro lugar.
Sua armadura gélida e imóvel dava lugar ao vazio eterno. O interior subiu às alturas e o exterior era o centro de um enterro.
Ele foi embora, portanto meu anjo não está aqui agora, mas as vastas lembranças de nossa história para sempre viverão em minha memória.
Minha paixão foi para o paraíso infinito, mas uma parte de mim ele levou junto consigo, e dentro desse coração restrito sempre haverá uma cicatriz com seu nome escrito.
O nosso amor sempre existirá através da recordação, mas o sentimento vivo foi enterrado com ele dentro de um caixão.  
                                                                                                                             - Betina Pilch.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

"Esgotidão"


Ainda sou muito jovem para dizer que muito vivi, mas mesmo sendo jovem muita coisa eu já vi. Já vi expectativas serem burladas, vi toda a minha esperança sendo fraudada. 
Pouco a pouco fui me decepcionando, conheci um mundo novo que acabou me enojando.
Mergulhada em um mar desconhecido, bem ao fundo enxerguei a poluição, as águas aparentemente cristalinas me mostraram que a aparência geralmente é uma ilusão.
Vi pessoas se jogando nesse mar sem pensar nas consequências, buscavam pelo tesouro, mas não tinham competência.
Diziam que trariam benefício para quem não havia mergulhado, mas passavam a vida lutando para não morrerem afogados.
Nós em terra firme depositamos confiança, pagamos os coletes, o oxigênio, mas viramos prisioneiro dessa falsa esperança.
Sem saber o que acontecia lá no fundo, nos sentíamos incapazes de cobrar aquele benefício justo, mas esperávamos a mudança através daqueles que nos alimentavam da ignorância.
Feito cavalos com rédeas e inibidos de visão, estávamos nós sem horizontes e nos deixando guiar rumo ao rompimento da razão.
E o tal tesouro? Ninguém sabe, ninguém viu, mas o mergulhador com certeza dessa maravilha usufruiu. 
                                                                                                                              - Betina Pilch.