sábado, 25 de maio de 2013

Luz no fim do túnel


Era uma noite sombria lá fora e aqui dentro eu não enxergava nada.
Meu coração estava em coma e minha razão completamente perturbada.
Lembrei que a noite parecia a vida, que de tão mal vivida adoeceu. Percebi que a cegueira me lembrava desse alguém desconhecido que hoje chamo de Eu.
Fiquei tentando encontrar aquele Eu antigo, que havia sido substituído, e agora perdido não podia mais ser encontrado.
Tentei rimar algumas palavras, mas dessa vez até mesmo a poesia havia me abandonado.
Rabisquei alguns clichês: "Saudade, infelicidade" "Escuridão, solidão" "Amor, dor", entre outras rimas que de tão clichês perderam o seu real valor.
Desencantada eu estava com a vida, com o mundo, com tudo.
Aprisionada e sem saída, com medo do escuro, sem escudo.
Sozinha, perdida, desesperada. 
O meu grito havia sido silenciado e a angústia era só o que me restava.
As lágrimas se esgotaram, enfrentei a seca em um deserto gelado.
Os sentimentos bons me abandonaram, tristeza e solidão eram as únicas que permaneciam ao meu lado. 
Em meio a esse degradê de cinza que eu pintei, bem no fundo das memórias o arco-íris eu avistei. Era um colorido vívido, e dos sonhos eu lembrei.
Havia me tornado o clichê mais triste que eu conhecia, mas constantemente sentia saudade daquela alegre menina. 
Quantas vezes ela havia lutado, sido guerreira e enfrentado tantos amores frustrados? Quantas vezes ela havia sorrido, havia pedido para que não desistissem de um conto de fadas, e pelos outros ela havia sonhado?
Comecei a percorrer aquela tortuosa estrada, bradando por aquela menina abandonada. Decidi por fim que iria tentar resgatá-la, por mais difícil que fosse enfrentar essa batalha.
                                                                                                                                      - Betina Pilch.

domingo, 12 de maio de 2013

"Serei sempre eu, as palavras, e o resto é nada mais"


A solidão era sua melhor companhia. Estar consigo mesma era a forma mais agradável de não sentir-se sozinha.
Sua solidão tinha como adornos reflexões, sonhos, sentimentos, lápis e papel. Munida de grafite e uma folha em branco ela viajava por entre as linhas e voava tão alto que conseguia tocar o céu.
Em dias tempestuosos acendia o abajur da esperança e esse brilhava intensamente enquanto o Sol não vinha.
Em dias frios se enrolava no amor por seus sonhos e esse carinhosamente lhe aquecia.
Era uma garota apegada à metáforas e amante do idioma poético, a poesia habitava seu coração, alma e até mesmo seu sistema esquelético.
Romantizava a vida e era apaixonada pelas palavras, e por mais mundos que conhecesse através da leitura, sabia que a escrita era a sua morada.
Talvez fosse tola por depositar suas esperanças em letrinhas aparentemente insignificantes, mas não podia evitar, seu coração era formado por vogais e consoantes.
                                                                                                                                     - Betina Pilch.