segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Coração de tinta – Por Betina Pilch


Antes era feita de amor porque o amor curava. 
Conheceu certa dor que não cicatrizou e passou a ser feita de amargor. 
Mas mesmo amargurada via vestígios de cura naquela amargura.
Então - na grafia - transformou tudo em poesia...
Do am(arg)or tirou a raiva e deixou o amor. 
Na amargura só trocou o g pelo c e o que amargurava agora amava e curava. 
Percebeu que tudo na vida era questão de gramática. 
Que quando queria podia trocar o g pelo d e ser bem dramática 
ou tirar as duas silabas do meio, por o cedilha no c e transformar tudo em graça. 
Era a gramática que dava sentido às coisas e doava o sentir à vida tão bem, também.