"As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão. Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão." - Carlos Drummond de Andrade.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
Coração de tinta – Por Betina Pilch
Antes era feita de amor porque o amor curava.
Conheceu certa dor que não cicatrizou e passou a ser feita de amargor.
Mas mesmo amargurada via vestígios de cura naquela amargura.
Então - na grafia - transformou tudo em poesia...
Do am(arg)or tirou a raiva e deixou o amor.
Na amargura só trocou o g pelo c e o que amargurava agora amava e curava.
Percebeu que tudo na vida era questão de gramática.
Que quando queria podia trocar o g pelo d e ser bem dramática
ou tirar as duas silabas do meio, por o cedilha no c e transformar tudo em graça.
Era a gramática que dava sentido às coisas e doava o sentir à vida tão bem, também.
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