sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Carta aberta ao amor - Por Betina Pilch

 


Hoje eu acordei e o sol já estava brilhando. Eu sorri. Dias ensolarados iluminam minha alma. 

Olhei para o céu. Coloquei as mãos na grama. Fechei os olhos. E você me veio em mente. 

Sorri novamente - você aquece meu coração.

Senti saudade ao mesmo tempo que, naquele momento só meu, me sentia infinita.

Durante muito tempo eu me senti morta por dentro. Não havia resquício de esperança. Eu tinha perdido a fé em mim mesma. E eu já tinha me conformado que a única crença possível era não acreditar em mais nada. 

Um dia eu acordei cansada da realidade onde eu me encontrava. Cansada de habitar em um corpo sem alma. Cansada de ter um coração que batia e a cada batida doía e abria as feridas que eu lutava incansavelmente para cicatrizarem. 

Naquele dia eu me abracei. Eu me acolhi. E beijei cada corte que a vida fez em mim. Eu tinha decidido me curar. 

Fiquei reclusa em mim algumas semanas e prometi que só abriria meu coração para pessoas que não ousariam me machucar de novo. Mas que enquanto isso eu ia aprender a habitá-lo. Eu ia aprender a me amar primeiro. 

Nesse processo eu esbarrei com a tua existência cheia de alma. E eu amei tanto a alma que você carregava no olhar. E sem perceber meu coração teimoso se abriu e te acolheu. 

E você me disse que esperava poder para cada corte na minha alma tatuar uma lembrança boa, para que eu nunca esquecesse tudo que aconteceu, mas visse com alegria as alegorias que uma nova lembrança me deu. 

Desde então eu tenho experimentado conviver com as minhas dores sem me afastar de mim. Sem fugir de quem eu sou. Porque você me fez perceber que eu sou um lugar confortável de habitar. 

Ontem eu li uma frase que dizia: “Se algo acontecer com você me diga, porque não é justo sorrirmos juntos e você chorar sozinha”. E eu senti algo que nunca havia sentido na minha vida: me senti compreendida. Porque é o que você faz. Você me acolhe em todas as minhas dimensões e me faz sentir que mesmo diante dos meus tormentos não é difícil me amar. 

E eu me sinto amada. E uma vez eu escrevi que eu não sabia ser amada e que ser amada me apavorava. Hoje eu sei que eu sentia isso, porque ainda não conhecia o verdadeiro amor. O único e verdadeiro amor da minha vida foi e é sentido agora que eu escrevo uma história ao seu lado. E eu desejo tanto que essa história nunca tenha um fim. Porque eu te amo e amo quem eu sou desde que começamos a caminhar pela mesma estrada. 

Obrigada por ter me reencontrado justamente no momento que eu me reencontrei.