terça-feira, 1 de março de 2022

Naquele bar - Por Betina Pilch

Naquela madrugada,

No meio de um bar sentada,

Vi cada pose cair 

E não restar nada

- além da verdade.


Ali, naquele bar,

Cada pessoa se anestesiava

De alguma forma

E cada um fugia de algo 

Que não era necessário falar.


Ali, naquele bar, 

Os sentidos eram explorados

Vividos 

Experienciados 

De forma singular.

E ali, naquele bar,

Eu cerrei meus lábios 

e deixei meu olhar escutar

Meu ouvido falar

Minha boca olhar.


E eu vi, ouvi e senti tanta coisa.

E eu falei tanto sem nada dizer.

Porque ali, naquele bar, 

Existir era o suficiente 

E o suficiente já era pesado demais.


Naquele bar,

Cada existência era entrelaçada 

E marcada por outras existências.

E ninguém queria ser

Outro alguém 

além de si

- sabiam que não conseguiam.


Porque nos bares

De madrugada

Não nos resta nada 

Além de nós.

E o resto não importa 

Se pudermos pagar a conta no final

- e essa é a metáfora da vida.