"As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão. Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão." - Carlos Drummond de Andrade.
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
Mais poesia do que argumentos - Por Betina Pilch
Cresci ouvindo que contos de fadas não existem. Que eu era romântica demais, sonhadora demais, tudo em demasia. Que eu precisava crescer, amadurecer, parar de acreditar que o príncipe encantado ia chegar. Cresci abraçando utopias, me entregando aos sentimentos, me machucando com a realidade. Cresci, mas permaneci pequena, sem perder minha fé, a minha liberdade.
E aí, você apareceu. Todo razão, cheio de argumentos e eu parei pra te admirar. E você me notou. E a gente se encontrou na esquina da tua racionalidade. E eu te peguei pela mão e te conduzi à estrada da minha sensibilidade. E aí nada mais fez sentido. Só sabíamos sentir.
Você disse que eu era um anjo e eu lembrei que tinha asas. Mas você também disse que não fomos feitos pra voar, por isso odiava viajar de avião. Então caminhamos de mãos dadas em terra firme, com a alma pendurada num balão.
Compreendi que as pessoas estavam certas, contos de fadas não existem. Não dá pra confiar em histórias de amor que começam com o verbo no passado. Porque amor é presente. E o nosso é cheio de laços que eu nunca vou desatar.
Príncipes encantados não existem e que bom!, porque eu não acredito em monarquia mágica. Prefiro um camponês comunista militante do amor. Existe algo mais intenso e bonito que isso?
E eu me apaixonei. E você acendeu aquele cigarro pra mim depois de uma dose de uísque compartilhada. E eu despejei minhas dúvidas embriagadas em cima de você e você respondeu que me amava. E eu quis te beijar com intensidade, porque sabia que você era o amor dos meus sonhos concretizado na minha realidade. E eu sorri. E meu sorriso nunca foi tão infinito e sincero.
Perdi a noção de tempo e espaço quando te senti fisicamente. Esqueci as fórmulas que nunca aprendi e pelos meus cálculos a gente nasceu pra dar certo. E eu não estou nem aí se sou péssima com números, tenho fé no que sinto e não preciso de respostas lógicas pra acreditar em nós.
Porque eu sou poeta. E você é músico. E não existe música sem poesia e nem poesia sem melodia. E eu já não sei o que é ser eu sem você e não quero imaginar você sem mim, porque é tão bonito ver nossos sorrisos rimando em uníssono a cada batida sincronizada dos nossos corações.
Você é minha poesia preferida. E hoje está imortalizado em cada palavra minha. Ninguém mandou você despertar em mim o verbo amar. Esqueci toda a gramática que me ensinaram, agora é só esse verbo que eu sei conjugar.
Eu amo. Tu amas. Nós amamos. E ele, ela, vós, eles e elas amam ver a gente se amar.
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