Hoje o dia está ensolarado, porém o clima faz jus a estação
atual.
Hoje o dia está parecido comigo: minha alma permanece
ensolarada, mas meu coração está frio, tomado pela angústia de um amor que dói,
machuca e tortura.
Até que ponto vai a beleza de um amor impossível?
Quantas angústias cabem em uma incerteza?
Todo bom leitor e admirador de romances sabe que contos de
fadas são providos de obstáculos e complicações que tentam mudar o desfecho
feliz da história.
É preciso conhecer a dor para saber o que é o amor. É
preciso vivenciar a frieza do cinza para se permitir sentir o calor de um
arco-íris. É preciso sentir a angústia da dúvida para reconhecer a beleza do
"felizes para sempre".
Finalmente entendi o verdadeiro significado da frase:
"Amor rima com dor". Não é que o amor sempre será sinônimo de
sofrimento, mas é que temos que passar pela dor para desfrutar da felicidade
através dele. Aprendi que para se encontrar a verdadeira felicidade através do
amor, temos que adquirir experiência através da dor que ele nos causa.
Mas e se no fim não houver a tal felicidade? E se o amor
estiver condenado à infelicidade eterna?
Novamente volto ao ponto de partida desse meu eterno ciclo
vicioso: Quantas doses de desespero cabem em um "E se?”
Eu que sempre fui apegada as reticências e repugnei o ponto
final, me vejo deixando ambos de lado na esperança de conseguir uma vírgula
seguida de uma explicação. Espera frustrada. Nem reticências, nem ponto final,
nem vírgulas. Estou condenada a interrogação.
Quão belo é o sofrimento do ponto de vista romântico?
O que me inquieta é saber que sou protagonista do realismo e
não do romantismo.
O que me tortura é saber que encontrei um príncipe, mas não
nasci destinada a ser princesa.
O que me entristece é saber que sou narradora observadora e
não personagem.
Tornei-me coadjuvante da história que eu mesma escrevi. - Betina Pilch