segunda-feira, 24 de junho de 2013

Sinto muito

Sabe moço, hoje está chovendo lá fora, o dia está insuportavelmente frio e minhas mãos estão trêmulas e gélidas. Finalmente o clima e meu corpo estão em sintonia com a minha alma.
Desde que você se foi tudo ficou mais cinza, clichê eu sei, mas eu não poderia deixar de fazer essa comparação. Porque todas as vezes que olho para esse céu acinzentado eu lembro de mim. Você levou consigo todas as cores do meu arco-íris. Hoje, eu sou apenas pedaços de um ser incompleto, minha metade se foi e ninguém mais se encaixa.
Mas sabe moço, eu não quero que você volte. Porque você é como um furacão que chega inesperadamente e devasta tudo que vê pela frente. Te vi ir e voltar tantas vezes que já sei de cor as consequências dessa sua inconstância.
Todas as vezes que você ia embora eu me revezava entre saudade e desespero. Chorava, gritava, me exasperava o dia inteiro.
Você sabe moço, eu sou feita de dramas e sentimentos, porque se for para sentir só um pouquinho eu prefiro nem sentir. Mas você nunca gostou de ser amado, não por mim.
Você nunca gostou do meu amor, você gostava de transformá-lo em dor.
Meu coração se tornou seu playground favorito e quando você se sentia entediado era aqui que você vinha brincar. Você amava, mas amava brincar com as minhas emoções. Mas moço, não me leve a mal, esse playground finalmente está fechado para visitações.
Lá fora a tempestade cai, a chuva escorre do céu e aqui as lágrimas escorrem por minha face, porque sei que todo o sentimento está morto, resolvi escrever cada lembrança em uma lápide.
Hoje moço, eu continuo sentindo, eu sinto muito, mas sinto muito por você... Por você ter deixado todo aquele sentimento tornar-se cinzas de um passado incendiado, um sentimento que era seu, mas você nunca fez por merecer.
                                                                                                                                        - Betina Pilch.

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