quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Sobre aquilo que não sei sobre mim


Você não sabe nada sobre nós, apesar de saber tudo sobre mim. 
Você não entende meus sentimentos, apesar de saber tudo que sinto e senti. 
Você não sabe nada, apesar de saber tudo. 
Talvez de tanto eu camuflar, meus sentimentos tenham ficado ocultos no escuro. 
Você ouviu tudo mesmo sem escutar uma só palavra. 
Você não conhece os inquilinos do meu coração, porque eu nunca quis te cobrar nada.
Te escrevi uma carta em segredo na esperança de abafar os gritos dos meus sentimentos quando lacrasse aquele envelope e guardasse no fundo daquela caixa. Mas eles gritam e pulam, nenhuma palavra naquela carta se encaixa. 
E nada permanece para sempre apesar de nada ir embora. 
E tudo fica em minha mente, apesar de tudo mudar a cada instante, a cada hora. 
E a sua voz talvez seja minha memória favorita. 
E você talvez seja mais do que uma linda poesia. 
Começo achar que você é aquele desenho confuso que eu fazia quando criança e aos olhos adultos parecia sem sentido. Aquele desenho que só eu entendia e guardava por achar lindo.
Você não sabe o que sei sobre nós atados num laço que jamais será desfeito. 
Você não sabe que a fita que enfeita o nosso presente é o que torna ele tão perfeito.
Você não sabe nada sobre você e eu sei tanto sobre ti. 
Você não sabe nada sobre nós e eu já não sei nada sobre mim.
                                                                                                                                - Betina Pilch.

2 comentários:

Brunno César disse...

Não sei o que quis dizer. Sei o que quis dizer.

Bom, o texto.

Brunno Lopez disse...

Sabendo tudo com tão pouco. Desse jeito, a gente fica querendo descobrir o que acontece depois.
Bela descrição, belo texto. Bela descoberta.