"As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão. Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão." - Carlos Drummond de Andrade.
domingo, 28 de abril de 2013
Um jardim de tristezas
Hoje eu chorei. E a cada lágrima escorrida eu esperava meu interior se acalmar, a fim de que as dúvidas e incertezas se esvaíssem definitivamente. Uma pena que as lágrimas não tenham relação com a razão. Sentimentos e raciocínio não trabalham juntos, são opostos, inimigos em constante conflito.
Os medos me assombravam a cada gota salgada que encharcava a minha face, me perdi em meio aos devaneios e na tristeza me acomodei.
Nada se compara ao medo de não ter a quem recorrer, ao medo de estar perdida em um labirinto de angústias sem saída.
Perdida e sem ter para onde ir, sentei em meio ao nada e me pus a vasculhar meus aprendizados. Percebi que quando os sentimentos chegam, eles escravizam a razão sem possibilidade de carta de alforria e minha mente escravizada se amedrontou ao perceber que talvez nunca possa se libertar.
Me tornei mais coração do que razão, mais poesia do que argumentos. Poetizo as entrelinhas de cada neurônio e artéria que se dispõe à loucura de sonhar e sentir. E poetizando a vida, a cada novo verso percebi que minhas rimas se repetem. Eu aprendi a cultivar o clichê e nesse ciclo vicioso não encontrei outra rima para o amor se não dor.
Cheguei ao meu limite, estava exausta de regar o jardim do meu coração na esperança de ver flores já mortas cheias de vivacidade novamente. Mas me apeguei às impossibilidades e ao limpar meu jardim percebi que novos botões de flores haviam chegado, mas eu já não sabia mais como cultivá-los - talvez meu solo não fosse mais fértil.
Não queria que flores tão bonitas morressem, mas eu não sabia mais o que fazer para vê-las desabrocharem.
Fui tomada pelo pavor, fechei meus olhos empurrando as lágrimas para fora, convivendo com as minhas dúvidas, medos e angústias enterrados em meu solo infértil.
E por fim entendi que a venustidade da vida se encontra na ignorância, no fato de não sabermos de nada por mais certezas que tenhamos.
- Betina Pilch.
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