quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Alvorada voraz


Não sei lidar com a realidade. Não sei lidar com a verdade. Não sei lidar com a vida. Minhas cicatrizes ainda estão vivas demais para eu suportar novas feridas.
Vivi tanto tempo imersa em sonhos que quando me deparo com o mundo real ele transmuta-se em pesadelos. Levanto-me da cama e o que me espera é somente desespero.
O campo concreto é muito assustador para quem viveu tempo demais anestesiada com o abstrato, a realidade é sólida demais para quem sempre foi apegada a tenuidade da fantasia e minhas artérias se entopem de pânico quando vejo fatos palpáveis invadindo minhas utopias.
Saí do meu mundinho efêmero e meus pés já ponteiam o precipício da veracidade, logo estarei em queda livre sem segurança alguma caindo na realidade.
A adrenalina pré-salto toma conta do meu sistema nervoso, as dúvidas tomam conta da minha mente e as angústias em meu peito doravante serão frequentes.
Cuspo no papel palavras brutas que pouco a pouco vão sendo lapidadas, bebo sentimentos a goles sôfregos e pouco a pouco minha alma vai sendo afogada. 
Visto a máscara que oculta meus verdadeiros sentidos e nessa queda vai me faltando o ar. Preferia ter chumbo nas asas do que ser livre e ser obrigada a voar.
                                                                                                                                  - Betina Pilch.

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