segunda-feira, 17 de março de 2014

Vultos ocultos dentro de mim – Por Betina Pilch


A música toca e inevitavelmente você vem em minha mente com aquele seu jeito evolvente e perversamente inocente.
Fecho meus olhos e te encontro sem hora marcada, sem data estipulada nem nada, porque você sempre gostou de chegar sem avisar. E de repente já é tarde demais pra guiar meu pensar, meu coração dilata e quase me mata por querer sair do meu peito e beijar cada pulsar que salta de dentro de você.
A gente fala de lágrimas com um riso sarcástico no rosto e a contragosto assumimos que nos parecemos mais do que deveríamos nos parecer. 
Você me abraça, me enlaça e no espaço de seus braços tudo que era pedaço torna-se inteiro.
Enlouqueço e quase me esqueço que nossa proximidade está cercada de impossibilidades e que nesse momento em meu peito você não passa de um forasteiro passageiro que só chegou para me bagunçar e despertar uns desses sentimentos que não nascem pra vingar.
Permaneço colada em teu corpo e sofro por não poder permanecer assim. A gente se demora, mas sei que a qualquer hora você vai embora e eu degustarei o fim.
Silenciamos diante do nosso desânimo e ficamos parados escutando nossa respiração acelerar. Sabemos que não nascemos pra felicidade, somos cheios de complexidade, que tudo que passa é brisa leve e não vento forte capaz de nos fazer voar.
Meus pés pesam no chão e no meu coração sinto uma voz gritar dizendo que não quer te largar e pedindo pra você me a(ni)mar.
Você me a(ni)ma e me mima, fala que sou sua menina e promete que nunca vai me deixar. Eu calo sua boca com um beijo, digo que promessas costumam falhar. Salgo minha face com lágrimas e de repente meus olhos começam se abrir. Retorno a realidade e mesmo sem querer me obrigo a te ver partir.
                                                                                                          

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