sábado, 15 de março de 2014

Me mate, só não acabe com a minha vida – Por Betina Pilch


Eu não sei o que está acontecendo comigo, até porque nunca me entendi. Quem me explicava era sempre você. No entanto, nesse momento, me explicar seria explicar você mesmo e nesse caso quem sempre te entendeu fui eu. 
Percebo que quanto mais me des-vendo, mais te encontro. E me revelando descubro que os segredos eram apenas alguns embaraços causados por nós que eu atei sem você saber.
(Trans)bordo palavras e me afogo em sentimentos (bor)dados pra você. Então te sufoco com o meu sentimentalismo e foco onde está tudo desfocado. Você tosse e se engasga enquanto bebe minhas loucuras a goles sôfregos tentando respirar sem pirar diante de tanta (ins)piração sem nexo. 
Sua loucura sempre se pareceu com a minha, mas talvez eu tenha ultrapassado os limites e não nos parecemos mais. Talvez minha loucura já não seja agradável ao seu paladar. Talvez eu lhe cause náuseas. Talvez você vomite. Talvez você queira me amar(rar) em uma camisa de força enquanto lhe peço encarecidamente que seja o meu psiquiatra. "Não fuja de mim diante da minha loucura!" - grito enquanto você me observa. Eu rio diante de tanta insanidade e pareço ainda mais louca. Então você ri também. É, a gente sorri. Só ri. Porque o que nos resta é isso: só (r)ir. 
Peço que me entenda, não me deixe e me ignore o máximo de vezes possível também. Não faço sentido, vivo sentindo e grito insistindo pra que me mande calar a boca e voltar ao normal. Calo a boca e percebo que normal eu nunca fui. Então continuo sendo louca. Louca por você. 
Você não entende nada e pensa: "Não sei lidar. Não sei lhe dar." e, lendo seus pensamentos, eu respondo: "Não lide, não ligue, não me dê nada."
Porque o que (não) temos me basta e é pelo que (não) temos que morro de amor. Só não fuja de mim, mesmo que eu mesma fuja de mim às vezes.
Uma vida morrendo é uma vida. Uma vida sem morte, é apenas uma morte camuflada. Prefiro morrer de amor do que viver sem amar - então espero que você continue me (m)atando.

                                                                                                                                    

Nenhum comentário: