"As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão. Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão." - Carlos Drummond de Andrade.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Amor Mórbido
E você se foi
Deixando aqui apenas lembranças inapagáveis e cicatrizes incuráveis.
E a dor se expõe
Em um coração ferido que brada seu nome em busca da cura.
Em um amor maligno que não desiste mesmo tendo perdido a luta.
E nessa batalha masoquista você foi o vencedor,
me deixou sozinha, saiu ileso, e levou contigo minha fonte de amor.
Foram inúteis tentativas de resistência em vão, lutei contra ti pois não sabia que eras um terrível ladrão.
Prantos e soluços em meio a escuridão, tentando esquecer toda aquela ilusão.
E hoje só espero por uma punição, para quem impiedosamente roubou meu coração.
- Betina Pilch.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Um tal romance com amor recíproco, será?!
Sentada de costas para o
amor avistei de longe um lindo casal. Estavam perto de um lago olhando as
estrelas e pareciam completamente apaixonados. Os olhos dele pareciam brilhar,
da boca dela saiam melodias românticas, e como em um conto de fadas tudo parecia
perfeito.
A felicidade alheia me incomodava, o que eu presenciava
ia contra todos os meus conceitos sobre o tal amor. Sentia uma raiva inofensiva
ao ver a reciprocidade acontecendo entre um homem e uma mulher, reciprocidade
que até então eu tinha decretado extinta.
Talvez eu estivesse sentada de costas para aquela paixão
avassaladora momentânea e ao olhar para um ângulo novo eu tinha descoberto o
verdadeiro amor, que ao contrario do que eu pensava, existia sim, mais frondoso
do que nunca. Ou talvez não, talvez eles estivessem do lado errado, talvez não
fosse tudo tão perfeito assim.
Eu tinha lá minhas dúvidas em relação a essa existência romântica recíproca. - Betina Pilch.
Eu tinha lá minhas dúvidas em relação a essa existência romântica recíproca. - Betina Pilch.
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
"Verás que um filho teu não foge à luta"?!
Esse mundo hipócrita cansa minha mente, a sociedade baseada
no que os olhos não vêem o coração não sente.
Visão falecida para a atualidade, horizonte enfermo focado
na mediocridade.
Pensamentos alienados, atitudes sem objetivo, pessoas
mentecaptas sem o mínimo de senso crítico.
Enriquecidos de matéria e a cabeça em total miséria. Nadando
nesse mar de sensaborias sem saber que o tempero do mundo se tem através da
sabedoria.
Sociedade repleta de inconsciência, o futuro da nação em
constante decadência. Querendo cobrar direitos sem saber lutar por tais,
vivendo de influência e esquecendo os ideais. Sobrevivendo de fiúza, enganando a si mesmos, não querem
levantar a voz, mas esperam o grito alheio.
Minha mente invectiva hoje brada por socorro, esperando ver
a vida de um jeito mais risonho.
- Betina Pilch.
sábado, 27 de outubro de 2012
Saudosa Infância
Oh tu pequena criança que sonhas em ser gente grande:
Esqueça esse delírio e aproveite seu presente instante. Saibas que de grande já
basta esse lugar injusto, e que aos olhos de um adulto o encanto do mundo se
torna obscuro.
Ouça um conselho de quem já cresceu: cultive tua inocência e
todos os sonhos que escolheu.
Colha os frutos de sua mágica infância e perceberás que nada
é mais feliz que a vida de uma criança.
Não queiras abortar a pureza de sua vida, brinque o dia
inteiro, aproveite cada esquina.
Brinque de pique-pega, esconde-esconde ou polícia e ladrão,
nada é mais prazeroso que essa emoção.
Quem me dera poder brincar sem me preocupar com a hora,
viver minha vida sem ter que dedicá-la a uma mera prova.
Invejo-te pequenino que sabes a dor de ralar os joelhos e
vê-los sangrar, queria eu ter tais feridas apenas no corpo, em troca de ver
minha alma sarar.
- Betina Pilch.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Criticamente Nacional
"Brasil, um sonho intenso, um raio vívido, de amor e de
esperança à terra desce..."
E com o tempo nada se cultiva, tudo se esquece.
Essas palavras penetram em minha alma como um lampejo de
revolta. O que fazer com essa gente que esquece seus sonhos e se acomoda?
Deitados eternamente no berço do comodismo adormeceram na
alienação e esqueceram o patriotismo.
Vivo na tal terra adorada, na tal pátria amada, como
"mãe gentil" denominada, e hoje por seus filhos totalmente desonrada.
Aposto no sol da liberdade como uma forma de esperança, mas a pátria e suas acinzentadas sombras da
ignorância fazem da mente alheia uma presidiária sem fiança.
Ouço um grito estridente e me pergunto se alguém despertou,
mas foi só o meu interior sozinho que nenhum companheiro encontrou.
Eu que não sei o que faço, o que penso, ou para onde vou, me
pergunto para onde foi aquele povo que veria sua pátria ficar livre ou... é,
acho que o tempo as matou.
Olho indignada para o lábaro que ostentas estrelado, e chego
a conclusão que talvez eu ainda espere pelo brado retumbante desse tal povo heroico honrado.
- Betina Pilch.
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Dead Dreams
Ela era uma garota complicada que se aventurava em um mundo
ilusório. Pegava carona em seu subconsciente e viajava loucamente para a cidade
dos sonhos.
Logo era recepcionada por seu príncipe, e nesse reino das
fantasias adorava ser chamada de princesa.
Sim, seus sonhos eram cheio de venustidade, sua esperança
era frondosa, por conseguinte tinha expectativas impossíveis.
De sonhos ela vivia e com a decepção diariamente convivia,
pois bastava ela acordar para se deparar com a monstruosidade da realidade. Com o tempo ela foi se frustrando, se aventurou com um falso
príncipe e assim ignorava todos os outros rapazes com medo de eles serem apenas
sapos.
Diante da falta de reciprocidade do mundo para com seus
sonhos, constantemente reclamava da vida, pois ela queria acordar desse
pesadelo real e voltar para seus sonhos ilusórios.
Ela apostava toda sua esperança no futuro, mesmo esse sendo
incerto.
Suas expectativas começaram a perder a força, e naquele poço
inesgotável de ilusões, seus sonhos se encontravam bem ao fundo.
Para ela uma vida sem sonhos era torturante, e diariamente
ela começou a se torturar.
Ainda havia esperança, sim, ela esperava pelo seu príncipe
que a faria protagonizar um conto de fadas, e com um beijo ressuscitaria todos
aqueles sonhos perdidos com o tempo. Mas ela apostou todas as suas esperanças no tal futuro
incerto, e em seu presente, agora ela era apenas uma princesa com sonhos
mortos.
- Betina Pilch.
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Recém Nascido
Como quem desperta de um longo coma sem saber quanto tempo
ficou nesse estado, assim eu me sentia. Era como se eu tivesse acabado de
acordar e consequentemente sentisse minha mente desnorteada. De repente me encontrava naufragada
em um mar de pensamentos contraditórios e sem sentido. Procurava eu entender o
mistério de tais pensamentos confusos que me inquietavam a cada milésimo de
segundo que se passava.
Já havia um tempo que o meu eu interior bradava para que,
o meu eu exterior conjugasse o verbo mudar com a intensidade de quem respira
após sair de um afogamento, mas minha razão era como um bloqueio para a concretização
da minha revolta. Criei minha concepção de certo em um lugar onde todos me
julgavam errada. Eu que sempre quis mudar o mundo me apegava a filosofias
baratas que encalacravam como manchas em minha mente perturbada. E de tanto pensar era só isso que eu
sabia fazer.
Deparava-me confabulando com Fernando Pessoa enquanto ele
se perguntava "Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?" E
a vontade de matar todos os meus ideais até aqui construídos e gerar novos
completamente diferentes se tornava cada vez mais intensa.
Mas eu me
acovardava quando pensava em concretizar todos os tais pensamentos. Eu
precisava de um basta! Sim, precisava reconstruir minha mente, apontá-la para
novos horizontes, a fim de que esse em que me encontro hoje fosse redescoberto
como algo inédito. Porém o tempo passava e eu era obrigada a perceber que a
mudança mais intensa que eu havia concretizado se encontrava no aumento de
açúcar em meu café amargo.
Eu que sempre quis revolucionar me sentia de mãos atadas
pela falta de coragem. Do que adianta a razão quando ela serve apenas de
empecilho para o sonho?
Quem me dera poder mergulhar num mar de loucuras
inconsequentes e realizar todos os meus sonhos impossíveis!
Naufragada em um mar de mesmice eu esperava pela guarda -
costeira que me salvaria, mas eu sentia minha respiração diminuir, a água
tomava o lugar do ar em meus pulmões, e nenhum sinal de ajuda. Sem colete
salva-vidas minha vida ia se perdendo, até que um lapso de luz surgiu diante
de meus olhos quase fechados. Seria o tal barco da guarda - costeira? Ou eu
estaria delirando, me entregando a morte?
Não! Eu tinha medo de ser covarde. Era uma luz criada por
minha mente, finalmente eu tinha encontrado o benefício da razão. E a vontade
de mudar o mundo e revolucionar ideais renasceu e começou a fazer sentido. E da
inquietude dos meus pensamentos, nasceu esse blog, que hoje é o
meu brado mais histérico transcrito em meras e vitoriosas palavras silenciosas.
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