segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Diamante Precioso


De súbito despertei da cama e desnorteada pus-me a pensar das fenestras:
"Vós que sois o mais querido dos sentimentos pelos mortais, porque me seduz impiedosamente rumo ao delírio e diante do precipício me esperais?
Mentiroso és tu amor! Que me enganas, me enlouquece e me faz presidiária de teus encantos. Que me ilude e faz-me acreditar que caminho rumo ao paraíso, mas coloca um inferno cheio de dores me esperando. Imprevisível és tu amor! Que surge lindamente e desperta em mim a euforia, mas pouco a pouco me apresenta a decepção e ela sem cautela me arranca a máscara da alegria."
Fitava inquieta aquela noite escura sem estrelas no céu, provida de uma lua tão linda, mas encoberta por um véu. Meu interior continuava confabulando, mas minha visão deslocada se prostrava aos céus e não hesitava em ficar admirando.
O brado indignado de minha razão frustrada elevava o tom de voz e me obrigava a escutá-la. Novamente fui tomada por um sentimento de mágoa profunda e sem vida, lembrava-me daquele amor chegando perto da despedida.
Sentia-me impotente diante de minha submissão àquele tenebroso vício: deixava-me cativar e sem perceber meus pés já ponteavam o tal precipício.
Inconsciência maldosa me jogava lá de cima, e risonhamente o tal sentimento querido aparecia. Durante a queda a adrenalina tomava minhas artérias, e meus olhos fechados imaginavam uma felicidade sem qualquer miséria. Eu tomava a forte anestesia de sentimentos utópicos para me poupar, mas ao cair em terra firme a ilusão desaparecia e a dor sadista vinha me abraçar.
Volto, meus olhos piscam e se elevam aos céus, a lua se escondia e já não existia mais o tal véu. A escuridão deu lugar à iluminação, e toda decepção confabulada deu lugar a linda paixão.
Os brados de repente se calaram, o silêncio cantava em meus ouvidos e os passarinhos me olhavam. Não existia mais razão para todas as vivências sofridas pelo coração.
Os sentimentos de angustia e tortura sofreram transformação, os questionamentos me mostraram sua impotência diante de tal situação.  
Incrédula, pasma diante do contraditório, sentia minha boca se abrir e soltar confusos palavrórios: "Estranha sensação de que está tudo mudado, talvez seja o sentimento bruto que está sendo lapidado." 
                                                                                                                   - Betina Pilch.

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